quinta-feira, 1 de maio de 2014

CAMPISMO NO RIO CANOAS


Acampar sempre foi um desafio para mim. Tive experiências ruins há 25 anos e nunca quis saber de pisar, ou melhor entrar numa barraca.

Com a troca da minha profissão no ano 2000, tive que aprender a usufruir de um acampamento mais como uma necessidade nas aventuras e gravações ao ar livre do que como opção, mas sempre com os pés atrás: o desconforto, o frio, o molhado!

Ao passar dos anos, fui conhecendo marcas e produtos específicos para a atividade, além de uma admiração pela cultura, não brasileira, de acampar (como fazem os norte americanos e europeus). Hoje, sou apaixonada e fico planejando o próximo acampamento antes mesmo de ter terminado o atual.



Saímos (eu e JP Lucena) de Porto Alegre/RS numa 4ª feira, véspera de um feriadão e levamos cerca de 5 horas pela BR 101 em sentido norte. No município de Tubarão/SC, fomos em direção à Grão Pará pela SC 439 até a Serra do Corvo Branco. Ela recebe esse nome pela ave Urubu-rei, que habita a região e as montanhas. A ave tem uma plumagem branca e com alguns traços coloridos, e foi erroneamente denominada de corvo, originando o nome da Serra.


A Serra do Corvo Branco tem uma característica única e singular: com curvas de tirar o fôlego, muito íngremes e de altitude acima dos 1000 metros, foi feito um corte de 90 metros nas pedras basálticas, sendo este o maior corte rodoviário trincheiro do país. É também um dos poucos locais onde pode-se avistar a afloração do Aqüífero Guarani (Bacia Sedimentar do Paraná, abriga um manancial gigante de águas subterrâneas, com extensão de 1.195.000 km2 e sua maior parte está localizada em território brasileiro/839.800 km2).


Chegamos à noite nas margens do Rio Canoas, no município de Urubici/SC. Não conseguimos ver a beleza do local. Montamos a barraca The North Face que comporta confortavelmente duas pessoas. Esse modelo de barraca é para o clima de inverno com muito frio! A barraca aguenta até -50º C, ou seja, específica para uma escalada em alta montanha como ao Aconcágua ou Everest! Estiquei os isolantes dentro da barraca e abri os sacos de dormir Deuter, também ideais para frio de outono da serra. Tudo pronto!



Antes do jantar, coloquei o vinho Tarapacá Cabernet Sauvignon e a garrafa Nalgene de suco para gelarem num método natural: dentro do Rio Canoas, cravados entre as pedras para não saírem boiando!




Enquanto meu marido preparava o jantar, fui fazer umas fotos e exploração do local: uma mesa de madeira com dois bancos grandes, uma churrasqueira, pia e água saindo da torneira e um fogo de chão pronto para ser usado com 3 bancos em volta. 

O local, uma propriedade particular, não é aberto ao campismo. Soubemos deste pequeno paraíso através de pesquisas sobre acampamentos. Consegui o telefone do proprietário das terras, conversei com ele que nos autorizou a ficarmos nas suas terras e explorar turisticamente seu cantinho.



Jantar a luz de vela e com lampião é mais romântico! Dormimos ao som do Rio Canoas correndo e dos pinhões que caiam por cima da nossa barraca das inúmeras araucárias que estavam expulsando seus frutos de outono, para nós.




Na manhã seguinte, é que podemos apreciar as belezas da região mais fria do Brasil, a serra de Santa Catarina. Após um café da manhã, regado a leite em pó e café solúvel, frutas, pão integral, biscoitos, mel, frios e queijo "polenghinho", fomos explorar a região. Caminhamos ao longo do Rio Canoas.



Tomar banho nas piscinas naturais, extremamente limpas e poços transparente do Rio Canoas foi o mais gratificante de todo o acampamento. Embora a temperatura da água fosse muito gelada, o calor dos raios do sol aqueciam a alma e encorajavam os mais friorentos, como eu!




O Rio Canoas tem uma extensão de 570 km, o que o faz o maior rio que corre somente no estado de Santa Catarina. Nasce entre a Serra de Anta Gorda e a Serra da Boa Vista, ambas parte da Serra Geral, a cerca de 100 km do litoral. No entanto, o Rio Canoas corre para o oeste, banhando diversos municípios até Celso Ramos, (entre os quais recebe as águas do Rio Inferno Grande). Após passar por Celso Ramos, deságua no Rio Pelotas e forma o Rio Uruguai.





Com temperaturas que variaram dos 14ºC na noite até 25ºC de dia, ficamos acampados cerca de cinco dias. Choveu muito durante dois dias seguidos mas conseguimos aproveitar, caminhar, fotografar, fazer amigos e acampar... Esse último verbo é o nosso maior objetivo junto a natureza, com equipamentos e estrutura apropriada, para podermos explorar novos locais e passar as descobertas para os amigos. Ou apenas, para ficarmos na lembrança e querer retornar...



Fizemos um trekking de 3 horas até a borda do Cânion Espraiado e acampamos por lá, mas isso é tema para outro post. Aguarde!


Todas as fotos Ana Karina Belegantt - Canon G9 e Ecox Cam

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